terça-feira, 14 de abril de 2009

Caminhão “desaparece” em atoleiro na rodovia Cuiabá-Santarém

Edilson Almeida
Redação 24 Horas News

Ponte não suportou peso de caminhão na Transamazônica. (Fagner Azevedo)



A rodovia que liga Cuiabá a Santarém, no Pará, principal porto do Norte do Brasil, voltou a sua rotina., qual seja, condição precária e totalmente sem possibilidade de tráfego. "O famoso trecho conhecido como “Cintura Fina” está prestes a desmoronar porque ali naquele local o solo é extremamente arenoso e as chuvas diárias estão levando toda a areia que resta" – informa Fábio Jacobi, que acaba de voltar de uma viagem à região da BR-163, e flagrou o lamaçal “engulindo” um caminhão.



A precariedade das estradas da região Norte do Brasil nesta época do ano são latentes. “São atoleiros, buracos, falta de condições de higiene ou qualquer tipo de infra-estrutura. Digo que, literalmente, quem vive ou passa por lá fica ‘à mercê da natureza’, rezando para que a chuva não venha e para que a viagem prossiga” – afirma a estudante de arquitetura Taise Henckel, resumindo as condições da rodovia ao “Globo Amazônia”. Seu pai, que é caminhoneiro, faz o percurso mensalmente.



Trinta e dois anos depois da inauguração, menos da metade da rodovia foi asfaltada. Na rodovia falta acostamento e sinalização. Em alguns trechos, a pista é muito ondulada e cheia de buracos. Na beira da estrada, cruzes lembram os mortos em acidentes, e são símbolos de protesto. falta de segurança é um dos piores problemas da estrada. Quando se cruza a divisa entre Mato Grosso e Pará, ainda há 900 km terra até Santarém. E o pior: o primeiro hospital está a 750 km, em Itaituba.



Na “Cintura Fina”, o terreno arenoso faz da rodovia uma espuma derrapante. Basta um erro para que os ônibus e caminhões vão parar nas imensas valas que margeiam a estrada. O asfalto só aparece a cem quilômetros do porto de Santarém, um importante acesso para o transporte de produtos à Europa e aos Estados Unidos. A promessa do governo é recuperar a BR-163 até 2011. A obra tornaria mais barata a exportação de grãos de Mato Grosso e daria dignidade às famílias que vivem no Pará. O grande desafio do empreendimento, contudo, será asfaltar a rodovia preservando o que ainda resta da Amazônia.



Os relatos dos que passam pelas rodovias da região são ricos. Segundo Fagner Azevedo, de Cuiabá, não é apenas a BR-163 que precisa de cuidados. Em uma viagem que fez pelo sul do estado do Amazonas, ele encontrou pontes caídas, lamaçais e pedágios cobrados por tribos indígenas. “Lá, sempre as estradas foram ruins. Quando começa a chover, nem se fale” - relata.



“Mas existe outra rodovia, a BR-158, que pede socorro também. A estrada fica intransitável principalmente na época das chuvas. Existem alguns mapas em que ela consta estar asfaltada, inclusive tem pontes que começaram a fazer, mas parou sem terminar”, revela a Márcia Aparecida Garcia. “Um outro problema é o desmatamento. Quando conheci essa região, tinha só mata fechada, Agora é só deserto. Na região existe até brigas com posseiros e índios”.

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