sábado, 30 de março de 2013

Por que não comer carne durante a Semana Santa? Peixe pode?


Sexta-feira Santa é comumente tida como o dia de meter Jesus no pau (ou algo semelhante). Pega-se o judeu pra Cristo (licença, Sargento) e todo mundo chora, se descabela, faz muxoxo e se joga no chão. Nas Filipinas, os sado-masos cristãos até se crucificam; se bem que podiam acabar o serviço, para ver se eles ressuscitam também. Entretanto, uma coisa que sempre me chamou a atenção: Por que diabos não se pode comer carne na Sexta-feira da Paixão? (Paixão? Um cara entra na porrada, é torturado, passam o cerol nele e chamam isso de paixão? Eu, hein!).

A bem da verdade, não se sabe ao certo qual foi o lunático que inventou esta besteira de não comer carne na Sexta-feira Santa. Sabe-se, mais ou menos, que o rito (ou mito) começou lá pelo início do século IV. Nesse período ficou recomendado (aka obrigado) uma observância de jejum durante a quaresma. Quaresma são os 40 dias que antecedem a Páscoa. Aliás, o numeral 40 é bem curioso, pois aparece com frequência na tradição judaica (40 dias e 40 noites chovendo, durante o Dilúvio; Moisés e sua turma andou durante 40 anos no deserto etc).

Durante os 40 dias, as pessoas teriam que observar jejum durante o dia e comer alguma besteirinha de noite. Como o pessoal já não se alimentava muito bem nessa época, a tradição/imposição não deu muito certo. Com o tempo, a duração do jejum foi sendo reduzido até chegar à Semana Santa, apenas. Depois, ficou reduzido somente à Sexta-feira da Paixão, para depois ser reduzido à, somente, não comer carne.

Muito bem, mas afinal, qual o significado disso tudo? Resposta: nenhum!

A desculpa dada pela ICAR é que isso é para servir de penitência. Hoje, eles não são tão rigorosos e pedem apenas que você, meu caro fiel, se abstenha de alguma coisa, em forma de sacrifício, como ficar sem beber, fumar, fazer sexo, falar palavrão ou outra coisa que você goste de fazer. É uma ação controladora. Mas, por quê?

Vejamos novamente: A função é a de penitência. Penitência DO QUÊ? Vamos supor (só uma suposição, ok?) que Jesus Milagreiro nasceu, pregou e foi pro pau-de-arara. Ele falou algumas verdade (e algumas besteiras), o pessoal não gostou e mandou-o pra vala. Ok, interessante, e eu com isso? Eu não estava lá, eu não fiz nada e a própria ICAR não reconhece a reencarnação. Como fica? A Bíblia diz que os filhos não pagarão pelo pecados dos pais (Deuteronômio 24:16); mas, eu não posso esquecer também que Êxodo 20:5 diz que Deus se vinga da iniqüidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que o odeiam. Mas, no versículo a seguir, é dito que Deus usa de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. (todas as citações da versão Ave Maria, que é a versão oficial da Igreja Católica).

Se tomarmos as passagens citadas no parágrafo anterior, temos que quem fez o mal ao deus judaico-cristão (estou inferindo que seja o mesmo deus, apesar de muitas teologias cristãs, como a dos marcionitas, contestarem isso) será punido e que os filhos desse que fez o mal só serão punidos caso passem a odiar este mesmo deus judaico-cristão. Não obstante, caso os filhos do pecador não só resguardem-se de odiar a Deus, mas amá-lo plenamente, serão perdoados e terão infinita misericórdia. Assim, vamos analisar com muita calma: Quem segue os preceitos do deus judaico-cristão é porque o ama, de outra forma seria loucura. Assim, esses seguidores estariam livres da ira divina e seria recompensados com sua (do Deusão) infinita misericórdia. Assim, me digam: do que diabos estão se penitenciando? Não foram eles, os seguidores atuais, que (segundo o mito) pregaram Jesus no pau, logo, qual a lógica de se penitenciarem? Em nome de todos os pecadores do mundo? De que adiantaria isso? Tá lá no preto-no-branco: Deus vaio se vingar deles e nada impedirá!

A “proibição” de comer carne na Sexta-feira Santa é algo tão doido que não é nem mesmo uma ordem papal. É uma decisão do episcopado, ou seja, o bispo de cada região é quem decide se haverá jejum completo, abstinência de carne e/ou derivados de animais (leite, ovos etc),apenas carne (de qualquer bicho), carne vermelha ou a substituição por uma outra forma de penitência, a qual – como disse acima – não é sustentada por uma teologia fundamentada na Bíblia. Quem foi o louco que bolou isso, então?

Mas, me dizem então: Não é apenas uma proibição de todo tipo de carne, pois a tradição manda (manda o escambau, ô!) comer pescado. Lógica? Você anda por aqui, minha filha?

Vejamos: Eu não posso comer meu sagrado contra-filé, mas devo comer peixe. Só que eu não gosto de comer peixe. Entretanto, não posso comer mortadela passada no ovo, com um copo de leite. Que diabos significa tudo isso, que eu não entendo? Eu não gosto de peixe (tá, eu sei que é uma carne saudável, mas não gosto e é problema meu!), poderia substituir por caviar? Ninguém falou nada de caviar. Isso é pecado? E por que seria pecado? Vamos supor novamente que há um deus hiper-mega-poderoso, cujo enviado fez tanto sucesso que se tornou atração num fim-de-semana entediado. Alguém acha mesmo que alguém que cria um Universo inteirinho está dando a mínima se eu como carne de cachorro ou faço bife de camaleão?

– Maldito sejas, pois seus ancestrais mataram meu filho barbaramente!
– Pô, Senhor! Libera aí, vai! Eu não comi hamburguer hoje, só fiquei na batatinha frita.
– E o churrasco que tu fostes, ó miserável?
– Eu JURO que eu só comi farofa com molho à campanha. E nem tinha torresmo nela, nem era farofa de ovo. Era farinha pura, mesmo.
– Ah,tá. Então, tá liberado, mas eu tô de olho, hein?

Todos somos pecadores, disse o lunático do Saulo de Tarso e, pelo que notei até hoje, os cristão deveriam ser “saulões”, já que seguem besteiras ditas por Saulo de Tarso, que nunca foram ditas (segundo o mito) por Jesus. Ao menos, não é o que vem nos evangelhos, mas isso é explicável: As cartas de Saulo são, pelo menos, 20 anos antes dos evangelhos. Saulo nunca leu nenhum evangelho! Se bem, que o Êxodo e Deuteronômio estão no Velho Testamento. Enfim…

A penitência é o ato de assumir uma culpa que não existe. Não só pelo mito cristão não passar de mito, mas por aceitar algo sem sentido, simplesmente porque lhe disseram que VOCÊ é culpado e precisa se penitenciar, nem que “penitenciem” você, que nem na Reversal Russa. É através do medo, da imposição, na imputabilidade de uma culpa inexistente que as religiões sempre se fundearam. Tire o complexo de culpa das pessoas e elas jamais precisarão de arreios psicológicos que os fazem adorar instrumentos de tortura e imagens sangrando, com carne dilacerada, como uma ode ao sadismo.

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